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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O amante, o amado e o amor


O que é amante?
 É aquele que, sentindo que algo lhe falta, mesmo sem saber o que seja, supõe encontrar no outro, o amado, algo que o completaria.
Ou seja, sinto falta de alguma coisa, não sei bem o que é. Desejo encontrar no outro o que me falta. Mas, se eu não sei o que é, como posso esperar que o outro a tenha? Sinto-me insatisfeito.
O amado, por sua vez, sentindo-se escolhido, supõe que tem algo a dar, sem saber bem o quê.
Então, de sua parte oferece muitas vezes o que espera receber em troca, mas se dá o que espera receber não se sente completo, uma vez que já tem o que oferta. Então busca no amante algo que não sabe o que é. Sente-se insatisfeito.
 Assim, o que ambos têm a dar é um nada, um vazio. E aquilo que o amado supõe ter para dar, não é o que falta ao amante.
O amante não sabe o que lhe falta, o amado não sabe o que tem.
Mas, o paradoxo do amor ostenta outros lados: Um impasse e um problema. Na medida em que um não pode satisfazer a demanda do outro ele o transforma em objeto de seu desejo, ou seja, o rebaixa a objeto de desejo oferecendo-lhe “coisas”. Alguém que se apressa em dar coisas quer se livrar do pedinte, o amante. Os dois se sentem insatisfeitos.
Então amar é dar o que não se tem, para aquele que não o quer.
O amado e amante recusam-se a sentir. Eles querem dar. Insatisfação.
Quando o amado olha nos olhos do amante ele se vê refletido neles. Neste momento entra-se em comunhão. Ninguém dá nem toma nada, sente-se emoções e sentimentos diversos.
Quando o amante beija o amado ele tem acesso ao corpo do outro. Existe a entrega.
Entrega não é doação, não é presentear, não é oferecer. 
Entregar-se é permitir-se amar e ser amado.

Simples assim. 



http://pensador.uol.com.br/frase/ODk4MTk0/
Ref.: http://psycneuro.blogspot.com.br/2012/03/o-amor-e-dar-o-que-nao-se-tem-alguem.html

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

poema de Vinicius de Moraes Ai de Quem Ama ....

 


Ai de Quem Ama ....poema de Vinicius de Moraes






Quanta tristeza
Há nesta vida
Só incerteza
Só despedida

Amar é triste
O que é que existe?
O amor

Ama, canta
Sofre tanta
Tanta saudade
Do seu carinho
Quanta saudade

Amar sozinho
Ai de quem ama
Vive dizendo
Adeus, adeus

Vinícius de Moraes

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

o beijo

Beijar é algo que faz muito bem à saúde... não apenas relacionado a questão da atração entre pessoas.....mas, a ciência hoje em dia já vem nos mostrando que essa questão vai além do que se pensa....ou sente!!!!
Quando você beija alguém na boca, o cérebro libera endorfinas, responsáveis pela sensação de bem estar e prazer... Isso combate a depressão.
Uma pesquisa feita pelo American Association for the Advancement of Science, em Chicago, nos Estado Unidos, indicaram que o ato de beijar é uma ferramenta importante para melhorar a qualidade de vida e definir se haverá compatibilidade em um relacionamento.
Um dos trabalhos divulgados foi o da neurocientista Wendy Hill, da Lafayette College, na Pensilvânia. Ela avaliou quinze casais, com idades entre 18 e 22 anos, e concluiu que o beijo na boca equilibra uma série de hormônios.
Os voluntários foram divididos em dois grupos. No primeiro, o beijo era liberado. Para o segundo, apenas as mãos podiam ficar entrelaçadas.
O cortisol, substância que é gatilho para o stress, diminuiu no corpo dos participantes do grupo um.
A ocitocina, fundamental no desenvolvimento de afeto e necessidade de cuidado com o outro, aumentou na corrente sanguínea desses mesmos jovens.
Esse hormônio, que até há pouco tempo era conhecido por fortalecer os vínculos entre mãe e bebê na hora da amamentação, começa a ser chamado também de "substância do amor" justamente pelas comprovações de que ele entra em ebulição após o contato prazeroso entre as bocas.
Em tempos passados beijar era bem mais do que um simples gesto de carinho.
Os hebreus beijavam em todas as saudações. Para os persas, os diferentes tipos de beijo identificavam a classe social da pessoa. Somente a partir do Renascimento que o beijo passou a ser utilizado como conhecemos hoje.
O beijo permite a aproximação , e intensifica laços de afeto e confiança....

Além disso o beijo acalma, estimula a função circulatória, pois aumenta os batimentos cardíacos,e com isso aumenta a oxigenação das células; diminue a insônia, as dores de cabeça,além de ajudar a liberar sentimentos reprimidos e aliviar o stress....
Lembrando sempre que é um ótimo recurso para ser usado nas preliminares de um relacionamento sexual...
O beijo implica ao mesmo tempo, acesso ao corpo do outro e uma entrega talvez maior do que a da relação sexual. Tanto que ,quando um relacionamento está desgastado, o beijo vai ficando cada vez mais escasso e diplomático...até chegar a um " selinho" no máximo!
Muitos casais até mantém o sexo, mas perdem a capacidade de beijar.
A boca é a primeira parte do corpo com a qual exploramos o mundo, "a partir da amamentação, ou seja, do peito da mãe. Ou seja, por meio da boca somos apresentados 'a noção de prazer (alimentação).
Existem outras pesquisas que nos mostram que o primeiro beijo do casal define o rumo da relação. Após o primeiro contato, a maioria dos pesquisados revelou que não estavam mais interessados em alguém por quem se sentiam atraídos anteriormente. Segundo o pesquisador Gallup, "É possível que o beijo ative mecanismos evoluídos que funcionam para desencorajar a reprodução entre indivíduos que seriam geneticamente incompatíveis".

É conhecido que as prostitutas ou garotas de programa evitam o beijo, e se o fazem cobram um preço maior por isso. E alegam que é um ato que envolve excesso
de intimidade e que envolve sentimento.
A terapeuta do amor, Cláudya Toledo, sugere 7 tipos de beijos para ativar a saúde física, sexual, financeira, emocional, social, mental e espiritual, a saber:
1- Beijo Animal: morde os lábios e "ataca" ferozmente o outro. Representa Força
2- Beijo Flex: beijo com muita língua, saliva, mordidinhas. Representa Prazer.
3- Beijo Power: um dita o rítmo para o outro. Representa Posse.
4- Beijo Doce: as línguas se entrelaçam suavemente, os corpos se unem carinhosamente.Representa Amor.

5- Beijo Surpresa: aquele roubado, causa susto e prazer inesperado, faz rir. Representa Alegria.
6- Beijo Focado: penetração da língua na boca como um ato sexual. Representa Intenção Sexual.
7- Beijo Tântrico: é aquele que evolui do tipo animal ao focado naturalmente, mudando a energia e as intenções. Representa União, Integração e Êxtase.
Feche os olhos, chegue bem juntinho, sinta o perfume do outro e aproxime os lábios, relaxe e se entregue ao maravilhoso encaixe do beijo. Experimente!!!
É bom demais, não é?
Aquela maravilhosa sensação de sentir o coração bater tanto no peito que parece que vai sair (os batimentos saltam de 70 para 150 batimentos por minuto), o corpo todo recebe uma maravilhosa injeção de prazer. Todos os sentidos se intensificam, o desejo cresce e incendeia.
Bom, o segredo real para se ter um bom beijo é se soltar e não pensar em fórmula mágica...tem que ter química!!!!
Ou seja...se está gostoso é porque deve estar certo!!!!
Se solte
Relaxe
Não tenha pressa
Procure sintonia com o outro
Inove
Feche os olhos
Provoque um bis
Sorria
E, escove os dentes SEMPRE!
Uma semana de muitos BEIJOS à todos!!!!

http://espacodacigana.blogspot.com.br/2010/08/o-poder-do-beijo.html

sábado, 17 de agosto de 2013

De repente um olhar



Quem será?

Através dos óculos escuros, percebo uma forte energia surgindo no ar. Dentro de mim, o sangue irrigando meu coração que lateja, bate forte, quase dói.

Estranho, devo estar ficando louca. A razão me diz: Continue seu caminho que já vai passar. Obedeço. Mas outra vez, lá estão aqueles óculos escuros em meu caminho. O sol ofuscando sua visão, mesmo sendo escuros os óculos , os olhos recebem a luz, ou talvez emanem a luz. O que eu sinto são fortes batidas, mais fortes que antes, mais latejantes, dói.

Novamente a razão me diz: Siga!

Dessa vez escuto, mas não tenho a mínima vontade de obedecer. Meu rosto já se transformou e meu sorriso encheu todos os espaços antes encobertos por silêncios.

Sem me desligar desta surpreendente sensação sento-me a aguardar algum transporte que me leve de volta a realidade, pois neste momento tudo parece um sonho.

“Vai pra cidade? Quer uma carona?”

O sonho continua. Um turbilhão de emoções em uma fração de segundos. Não vá! Diz a razão.

Sim! Diz meu coração que neste momento parece ter o dobro do tamanho.

As mãos trêmulas, as pernas bambas, os olhos presos naqueles óculos escuros voltados em minha direção.

Sua voz ainda fala em minha cabeça, seu perfume ainda penetra meus sentidos, suas mãos ainda povoam minhas lembranças.

Durante a conversa descontraída, só consigo tentar imaginar quem é você. Como posso sentir tudo isso por um completo estanho!

Neste momento, não penso em amizade, em solidariedade ou em qualquer outra forma de me relacionar com você, pois minha vontade de te beijar é gritante.

Chegamos. Nem vi por onde viemos. Só sei que chegamos. Nossas mãos se tocam em uma falsidade que até me envergonho. Não é isso que eu quero, não quero te cumprimentar com um aperto de mãos. Quero te abraçar, sentir esse perfume mais de perto, sentir o calor da sua pele na minha, sentir o seu toque. Meus olhos se dirigem para sua boca enquanto minha mão suada aperta a sua numa despedida hipócrita.

Saio. Me maldizendo por saber que nunca mais te verei. Como pude sair assim?  Porque não pedi pra ir mais a frente, inventei uma desculpa pra não te deixar ir embora!

Meu coração que agora tem o triplo do tamanho me cobra furioso por uma resposta. Minha razão se calou, um silêncio mortal.

Neste diálogo interior, nem percebo um carro se aproximando e lá de dentro uma mão estendida me oferece algo. Seu cartão! Telefone, e-mail, nome!

Meu Deus! Ainda bem que ele consegue pensar, porque eu já não sei nem respirar mais. Não posso dizer nada, porque se abrir minha boca o coração que agora tem o quádruplo do tamanho voa pela boca. A dor se estende pelo meu estômago, indo até mais embaixo como uma facada certeira na região mais íntima do meu ser.

Vai existir um amanhã!

Hoje, faz uma semana que tudo aconteceu e ainda consigo reviver cada minuto.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

reencontro

Tenho ouvido com uma certa frequência das pessoas que elas tem perdido a capacidade de se comunicar com seus sentimentos mais honestos e profundos. Normalmente se queixam que estão assim em decorrência de um amor não correspondido ou de uma situação de traição, quebra de confiança ou agressão.

O seu está assim?
“As vezes fico tentando me lembrar daquela pessoa com quem vivi momentos especiais só para voltar a ter aquela sensação de pureza e entrega. Tenho medo de nunca mais voltar a sentir isso de novo!”

Essa frase é honesta e vem acompanhada de um desassossego em função de novos relacionamentos amorosos. Parece que se tornam impenetráveis, sentem aquela nova relação como se fosse algo improvisado e nunca definitivo.

Se esqueceram como é amar. Amor profundo!

Foram emocionalmente sequestradas por um fracasso no amor.

É como se estivessem gritando por dentro: “Tenho saudades de mim!”

As vezes ficam solteiras por muito tempo, congeladas emocionalmente. Conseguem administrar bem os desejos sexuais com transas ocasionais, mas no fundo, trocariam todas as melhores transas por aquela sensação de amor especial.

“Nao consigo mais me apaixonar! Nem que eu queira. Já tentei, me esforcei, a pessoa era ótima, mas parece que algo não anda dentro de mim.”

Curiosamente se tornam pessoas “quebradoras de coração”. Encantam, seduzem, envolvem, falam coisas especiais, mas todas elas vazias de uma real intenção amorosa.

“Eu me esforço, tento me envolver, até faço planos, mas algo dentro de mim ficou oco.”

As vezes vão atrás da última pessoa por quem sentiram algo especial. Ao se deparar com a pessoa percebem que não é ela e que mesmo com aquela pessoa nada mais aconteceria.

“Quando o vi de novo, meu coração bateu mais forte, achei que poderia vivenciar tudo de novo. Mas foi só uma miragem, transamos e no dia seguinte eu estava de novo com aquela pedra de gelo incômoda instalada no meu peito de novo.”

Sentem como se estivessem mortas, frias e indiferentes ao sentimento dos outros.

O medo de se machucar criou uma armadura em torno de seu coração.

A saída nem sempre é fácil. Ficou claro que não basta que a pessoa tente resgatar aquela pessoa do passado. Nem adiantaria voltar no tempo.

O grande treino é voltar lentamente a assumir pequenos riscos pessoais.

Sair daquela zona de conforto emocional, ousar um pouco mais. Conseguir insistir mesmo que a dor comece a surgir. Não esperar que algo seja garantido para experimentar uma emoção consistente.

A garantia de que não haverá mais machucado não existe. Portanto, ausência de dor não é um critério. Mas caminhar apesar da dor e do medo.

A vulnerabilidade não é uma fraqueza, mas uma força. Agir à partir da vulnerabilidade devolve a você algo que está mais próximo de um sentimento real. Ser “forte” é agir de modo desgovernado, com orgulho, sem consistência, experiência garantida de desamor.

O risco de ser vulnerável coloca você diante de sentimentos ambíguos, confusos e até contraditórios, no entanto, que movimentam muito mais sua vida emocional. Se parecem frágeis é somente pelo fato de que remetem você à fases da vida onde havia muito mais disponibilidade emocional.

A força vem da verdade do que se sente, mais do que da segurança de não sofrer.

Antes de desistir e deixar seu coração em baixas temperaturas, entenda que nisso a única pessoa que sai perdendo é você.’

Ame como se nunca tivesse sido ferida antes!

- Fred Mattos

domingo, 19 de maio de 2013



Relações de pingue-pongue

Existem pessoas que possuem uma tal incapacidade para resolver a sua vida afetiva, que mantêm relações “penduradas” durante semanas, meses ou anos.

As coisas processam-se mais ou menos assim: nenhuma relação é formalmente terminada, em vez disso “dá-se um tempo”, ou surge uma briga que provoca o afastamento.

Os dias vão passando e, face ao silêncio, um decide enviar um “pingue” para ver se o outro responde com um “pongue”, e a relação restabelece-se .Não é uma comunicação normal sem subterfúgios. Não é dito diretamente que tem vontade de rever o outro, porque na realidade não é bem disso que se trata.

O que motiva a reaproximação não é propriamente o afeto, mas algo mais sutil do tipo “vamos ver qual é o impacto que ainda tenho em você”. Aproxima-se mais da tentativa de testar qual o poder que ainda pode exercer sobre o(a) ex-amante, se ele(a) ainda pensa nele(a), se está disponível para que tudo volte ao mesmo.

As estratégias são do mais variado que há. Ligar para saber uma informação que poderia obter através de 500 outras vias, enviar um email do tipo “corrente da amizade”, telefonar para saber se o outro está bem, perguntar pelo ex. a um amigo comum (sabendo de antemão que aquela pessoa vai correndo contar que foi questionado a esse propósito), tudo vale para restabelecer uma relação que nada tem de saudável na sua essência, uma vez que não há terreno sólido para que se fortaleça. Apenas existe o prolongamento de situações que já deveriam estar mortas e bem mortas … e um “bom morto” não se transforma em fantasma , nem teima em assombrar a vida de alguém.

As relações de pingue-pongue, fazem com que permaneçam ligados, ainda que superficialmente, sem haver coragem para discutir o que correu mal na relação, nem tampouco capacidade para superar problemas que inevitavelmente vão surgindo. À mínima contrariedade surge outra vez o afastamento. Tudo fica em suspenso, sem diálogo, sem discussão.

Se, por um lado, não são colocados pontos finais, por outro não é permitido que haja um aprofundamento da relação. Há, por assim dizer, uma constante fuga ao estabelecimento de laços estáveis e, ao mesmo tempo, uma enorme incapacidade para marcar fronteiras entre o que é e não é gratificante para cada um dos pares. Por isso, a luta é no sentido de não haver um final de algo que, afinal de contas, não passa de uma relação superficial.

Se estas relações fossem mediadas pelo afeto, existiria o desejo de mudança. Mas parece que de algum modo, para estas pessoas as reticências pontuam e marcam o compasso das suas vidas. Preferem manter a sensação de possuírem inúmeras relações “em morte cerebral", recusando-se a desligar a máquina que as mantém artificialmente vivas.
Assim sendo, permanece o sentimento de poder face ao outro e, ainda que por uns tempos- as vezes muito tempo- iludem a solidão.

O que se esquecem é que perdem tempo, energia e sonhos que poderiam ser canalizados para outras relações e para a construção de projetos emocionalmente saudáveis.




Aglair Grein ( psicanalista)

terça-feira, 23 de abril de 2013

Aos feridos pela rejeição




Eu gostaria de escrever sobre um grupo específico de sofredores: aqueles que cresceram com um sentimento de menos valia, por não se sentirem amados por seus pais. Filhos criados com indiferença, que maltratam seus filhos, que, por sua vez, não têm muito que dar aos seus. E quando este círculo vicioso irá acabar? Que adianta viver em uma era de informação se ela não servir para nos transformar por dentro, e nos suprir onde houve faltas, e remendar onde houve rasgos?



Vou usar como exemplo de cativeiro quatro mulheres: duas belas de doer por fora e as quatro lindas de emocionar por dentro (por bondade). Mas todas se julgam severamente ou se contentam em ficar com as migalhas. Uma está presa dentro de casa, comendo sem parar, com síndrome de pânico, atraindo toda a má sorte nos negócios e na saúde.

A segunda está praticamente exilada em outro país, quase catatônica, vivendo a trama de um casamento do qual não consegue escapar e, por outro lado, sem nenhuma iniciativa para cuidar da sua vida.

A terceira se fustiga com a severidade de um monge fanático e já encontrou todas as explicações possíveis para a sua desdita, abafando seus imensos talentos como se empurra um gênio para dentro de uma garrafa.

A última, uma das belas de doer, consome lentamente sua juventude entre quatro paredes, morrendo na inanição amorosa com parceiros inadequados e sabendo que precisa mudar sua vida, mas sem ânimo para isto.



O que têm em comum estas quatro mulheres? Uma dilacerante dor de amor, a funda ferida de uma rejeição: todas têm problemas com a mãe. Nenhuma se sentiu amada.



Estas mulheres falham em nome da mãe. Precisam cumprir a profecia de não serem dignas de serem amadas ou de serem felizes. Tiveram de engolir uma incontornável dificuldade e hostilidade neste relacionamento primário. Tentaram lutar contra isto à exaustão, e por isto se afundaram.



Todas aguardam o olhar bondoso, eternizado em belas pinturas, que as grandes santas reservaram aos seus filhos adotivos, todos nós. A verdade é que, quanto mais esperam isto, menos recebem. Eis o que terão: julgamentos, indiferença, reclamações, ordens, críticas, desprezo.



Estas mulheres aguardam o dia em que isto irá mudar. Em que a áspera mãe irá acolhê-las e niná-las nos braços e dizer-lhes o quanto cresceram e são dignas. São como um pequeno fragmento que se tornou uma pérola, mas que ainda se enxergam tão somente como a tosca poeira.



As filhas de mães brutas, incapazes, infelizes, grosseiras ou indiferentes completaram-se no que faltava às suas mães, e ficaram grandiosas, mas são incapazes de voltar para elas mesmas o que distribuem aos borbotões para os outros: afagam homens mimados, acreditam em mentirosos, ficam com quem não as merece. São tripudiadas, enganadas, humilhadas, trancafiadas, submetidas.



Estas filhas aguentam toneladas de mensagens na mídia de pais bacanas e maravilhosos, os quais jamais serão os seus, e eles sabem disso.

A realidade as atormenta. Mas insistem na redenção, e se sacrificam em seu altar como se fosse o único caminho.



Meninas e meninos autoimolados, por uma única vez enxuguem o excesso desta sensibilidade, parem de insistir no que é inútil. Descubram, por favor, a sua verdade.Dêem fim aos seus sofrimentos por sua própria conta, como quem rasga um papel de uma dívida infinita. Declarem sua independência, como tantos países fizeram sempre que acharam que era tempo de terem seus próprios governos. Não esperem que seus pais abram as portas de suas gaiolas e as levem brandamente para os seus ninhos.



Meninas e meninos mal amados, há coisas que vocês só descobrirão por si mesmos, se ousarem fazer isto, o que requer coragem. A vida nunca disse que seria fácil, e tampouco segura. Saltem para fora de seus muros (sim, ele estava lá, mas vocês depois os reforçaram com mais tijolos de sofrimento, mágoa, culpa e autopiedade) e verão que não é difícil fazer isto e que não se tornarão meninas e meninos maus, pois o sofrimento deixou uma pequena pérola em seus corações. Olhem para ela e dêem-na a quem a merece, principalmente a vocês mesmos.



Meninas e meninos queridos, preciso lhes dizer que bruxas não se transformam em fadas, a não ser nos contos, e não há mais tempo para esperar por isto.

Se vocês não tomarem uma atitude (e, se realmente procurarem, encontrarão um número enorme de ajudas e tratamentos, para todos os bolsos), ninguém fará isto por vocês. Abraços ( Aglair Grein, psicanalista)